
Lançamento do gibi “As aventuras de Cacau” destaca impactos das obras do Porto Sul em Ilhéus
No último sábado (3), a Rua da Paz, localizada no distrito da Juerana, na Zona Norte de Ilhéus, foi o palco do lançamento do gibi “As aventuras de Cacau”. A história apresenta um estudante de uma escola estadual que inicia uma pesquisa sobre os impactos causados pelas obras do Porto Sul na região.
O evento marcou o início da Feirinha Comunitária da Rua da Paz e da I Jornada pelo Meio Ambiente – “comunidade unida, povo forte e natureza viva”. A proposta é levar a história de Cacau para escolas e comunidades, além de promover debates sobre o tema dos grandes empreendimentos na região, com o povo como elemento central.
O Porto Sul faz parte de um complexo logístico que inclui a construção da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL). Essas obras têm um histórico de violações contra comunidades tradicionais e estão associadas ao Projeto Pedra de Ferro da Bahia Mineração (BAMIN), em Caetité, que também causa impactos às populações de pelo menos quatro cidades no Alto Sertão da Bahia. As obras do Porto Sul estão localizadas dentro de uma Área de Preservação Ambiental (APA) na Zona Norte de Ilhéus e têm causado o aterramento de nascentes, comprometido a produção agrícola das famílias do entorno e inviabilizado a pesca artesanal praticada historicamente por essas populações.
Ellen Vieira, uma das organizadoras da Jornada, destaca que o lançamento do gibi na Rua da Paz, área diretamente afetada pelo porto, é simbólico e intencional. Ela afirma que isso “abre um espaço de escuta e reflexão sobre os impactos da chegada desse tipo de promessa de progresso” e tem o objetivo de contribuir “para que a comunidade possa construir sua narrativa própria de entendimento desse processo”. Segundo a organizadora, o principal ponto de diálogo da revista com a comunidade é que “a história contada na revistinha é baseada em personagens criados a partir de visitas, vivências, diálogos e relação dos movimentos na região com a população”. Ela enfatiza que “Cacau e sua família são um retrato possível de pessoas reais”.
“As Aventuras de Cacau” convida os leitores a debater os problemas socioambientais decorrentes da construção do porto e do modo de atuação da BAMIN no estado da Bahia. Magno Oliveira, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), ressalta que o gibi ajuda a “compreender quais são os impactos do porto e como é possível superar essa ideia de desenvolvimento”, pois, embora a obra do porto seja apresentada como um desenvolvimento, pouco traz de fato para as comunidades em seu entorno. Para o agente pastoral, o questionamento “Porto Sul pra quem?”, presente no gibi, desafia o público a pensar sobre “a necessidade de uma organização popular para a construção de alternativas econômicas
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