Morre Cid Moreira, ícone do jornalismo brasileiro, aos 97 anos
Na manhã desta quinta-feira, o Brasil se despede de uma das vozes mais marcantes e influentes da história da comunicação no país. Cid Moreira, jornalista, locutor e apresentador, morreu aos 97 anos em um hospital em Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, onde estava internado nas últimas semanas tratando de uma pneumonia.
Com uma carreira que se estendeu por mais de sete décadas, Cid Moreira tornou-se sinônimo de credibilidade e profissionalismo no jornalismo brasileiro. Nascido em Taubaté, São Paulo, em 29 de setembro de 1927, ele iniciou sua trajetória no rádio aos 17 anos como locutor na Rádio Difusora de Taubaté e rapidamente ganhou destaque com sua voz grave e inconfundível.
A consagração no “Jornal Nacional”
Sua popularidade explodiu em 1969, quando assumiu o posto de âncora do recém-lançado Jornal Nacional, o principal telejornal da Rede Globo. Cid Moreira permaneceu no comando do JN por 27 anos, até 1996, estabelecendo um padrão de seriedade e precisão na comunicação. O “Boa Noite” dito por ele, com sua entonação única, tornou-se uma marca registrada, que ecoou nas casas de milhões de brasileiros todas as noites.
Cid se tornou um dos apresentadores mais longevos e respeitados da televisão brasileira, e sua imagem está inevitavelmente associada à credibilidade e à confiança. Ao lado de Sérgio Chapelin, com quem dividiu a bancada por mais de duas décadas, ele ajudou a consolidar o telejornal como um dos mais assistidos e prestigiados do país.
Além das notícias: a versatilidade de Cid Moreira
Apesar de sua trajetória marcante no telejornalismo, Cid Moreira também mostrou sua versatilidade e talento em outros campos. Ele atuou como narrador em documentários, apresentador de programas de variedades e até como dublador. Uma das suas iniciativas mais notáveis foi a narração completa da Bíblia, um projeto que lhe rendeu reconhecimento e sucesso em todo o país.
A gravação da Bíblia, lançada em 1994, atingiu um sucesso estrondoso e, até hoje, é um dos materiais mais vendidos e ouvidos no Brasil. Com seu tom imponente e pausado, Cid Moreira trouxe uma nova interpretação às escrituras sagradas, e esse trabalho fez dele um nome importante no meio cristão.
Nos últimos anos, Cid manteve-se ativo nas redes sociais, onde compartilhava vídeos e mensagens com seus seguidores. Seu carisma e bom humor sempre estiveram presentes, assim como a paixão pela comunicação e pelo contato com o público.
Legado e contribuição ao jornalismo
A morte de Cid Moreira representa o fim de uma era no jornalismo brasileiro. Sua contribuição para a construção de um jornalismo televisivo sólido e de alta qualidade é inegável. Ele foi responsável por marcar gerações com sua postura ética e precisão no trato com as notícias. Mais do que um simples apresentador, ele foi um verdadeiro símbolo de imparcialidade e responsabilidade jornalística.
Durante sua longa carreira, Cid Moreira recebeu inúmeros prêmios e homenagens, sendo consagrado como um dos maiores ícones da comunicação brasileira. Ele inspirou e continua a inspirar novas gerações de jornalistas e comunicadores, que veem em sua trajetória um exemplo de dedicação e amor à profissão.
A vida além da TV
Cid Moreira foi também um homem de múltiplos interesses. Apaixonado por esportes e sempre atento às novidades, ele era adepto de uma rotina saudável, mesmo na terceira idade. Famoso por seu cuidado com a alimentação e a prática de exercícios físicos, o apresentador desmistificou a ideia de que o envelhecimento é sinônimo de limitação, provando que é possível manter-se ativo e produtivo até os últimos anos de vida.
Em suas redes sociais, compartilhava dicas de saúde, reflexões e, claro, a leitura de trechos bíblicos, consolidando sua imagem de sabedoria e serenidade.
Despedida de uma lenda
A partida de Cid Moreira deixa uma lacuna difícil de ser preenchida. Ícone de várias gerações, ele fez parte da história do Brasil, informando, emocionando e, principalmente, ensinando o valor de um jornalismo feito com ética e respeito. Sua voz, que tantas vezes anunciou os momentos mais importantes do país, ficará para sempre gravada na memória dos brasileiros.
Nas palavras do próprio Cid, em uma de suas últimas entrevistas: “Eu não sou dono de nada, apenas um passageiro que tentou, dentro das suas limitações, deixar o melhor de si.”
Descanse em paz, Cid Moreira. Que seu legado continue inspirando e guiando o jornalismo e a comunicação brasileira.
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