Trump retira EUA do Conselho de Direitos Humanos da ONU e corta financiamento à agência para refugiados palestinos

Trump retira EUA do Conselho de Direitos Humanos da ONU e corta financiamento à agência para refugiados palestinos

Em uma série de decretos assinados nesta terça-feira (4), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, retirou o país do Conselho de Direitos Humanos da ONU, alegando suposto “viés anti-Israel” como justificativa para a decisão. Criado em 2006, o colegiado intergovernamental tem a missão de promover e proteger os direitos humanos em todo o mundo.

O pacote de decretos inclui, ainda, a prorrogação da suspensão do financiamento norte-americano à agência da ONU para refugiados palestinos (UNRWA), gesto que reforça o alinhamento político entre Trump e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. A nova diretriz foi anunciada no mesmo dia em que o presidente americano se reuniu com o premier de Israel — o primeiro encontro com um líder estrangeiro em seu segundo mandato.

Acusações de parcialidade contra o Conselho

No texto assinado por Trump, o Conselho de Direitos Humanos “não alcança seu propósito” e teria se convertido em um espaço para “proteger países que cometem graves violações” de direitos. O documento também critica a postura do órgão em relação a Israel, classificando-a como injusta e desproporcional.

Ao mesmo tempo, a Casa Branca sinalizou uma revisão do envolvimento dos EUA com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), da qual os Estados Unidos haviam se retirado em 2019. Caberá ao novo secretário de Estado, Marco Rubio, avaliar e reportar à presidência quais agências e tratados internacionais seriam “radicais ou antiamericanos”, como define o decreto.

Reforço na política “América primeiro”

A decisão de deixar o Conselho de Direitos Humanos consolida a visão de Trump de reduzir a participação dos EUA em fóruns multilaterais. Este posicionamento se relaciona às críticas sobre o custo arcado pelos contribuintes americanos em comparação com outras nações. Will Scharf, assessor do presidente, reforçou a ideia de que há “disparidades absurdas” no financiamento da ONU e que Trump considera o cenário “injusto” para os Estados Unidos.

Essa lógica se estende a outras frentes, como a Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (Usaid), importante financiadora de programas de direitos humanos no mundo. A Usaid passa a ser alvo de questionamentos por parte de Trump e aliados, sob a alegação de promover gastos excessivos e apoiar organizações internacionais tidas como contrárias aos interesses americanos.

Histórico dos EUA no Conselho de Direitos Humanos

Os Estados Unidos se opuseram à criação do conselho em 2006, durante a presidência de George W. Bush. O país permaneceu, por um período, apenas como observador, integrando-se ativamente sob as gestões Barack Obama (2009-2017) e Joe Biden (2021-2025). No entanto, em seu primeiro mandato (2017-2021), Trump já havia retirado os EUA do órgão, o que foi revertido posteriormente pelo governo Biden. Agora, em sua segunda gestão, o republicano retoma a mesma decisão.

Corte de verbas para a UNRWA e tensão em Gaza

O novo decreto assinado por Trump reforça o bloqueio de recursos americanos à UNRWA, que já havia sido suspenso no governo Biden após denúncias de envolvimento de funcionários em um ataque do Hamas. Com o prolongamento dessa medida, a agência das Nações Unidas permanece sem o principal doador que, até então, chegava a repassar US$ 400 milhões anuais.

A decisão de Trump também coincide com o rompimento de Israel com a UNRWA, anunciado há uma semana, culminando no fechamento do escritório da agência em Jerusalém Oriental, região reivindicada pelos palestinos como capital de um futuro Estado. Na prática, a ausência de apoio financeiro afeta significativamente as operações de assistência humanitária em Gaza, Cisjordânia e países vizinhos, dificultando o amparo aos refugiados.

Visão sobre os palestinos em Gaza

Em meio aos decretos, Trump voltou a defender a retirada de palestinos de Gaza, proposta que gerou críticas de organizações de direitos humanos, que a veem como uma possível prática de expulsão forçada. O presidente americano argumentou que o território está “destruído” e que os palestinos “adorariam sair”, declaração que intensificou o debate internacional sobre a crise na região.

A continuidade dos cortes financeiros, aliados às pressões políticas, reforça a afinidade de Trump com o governo de Netanyahu e consolida uma linha dura de Washington em relação ao conflito israelo-palestino.

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