Itacaré não elege mulheres para a Câmara em 2024, reacendendo debate sobre representatividade feminina

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Itacaré não elege mulheres para a Câmara em 2024, reacendendo debate sobre representatividade feminina

Nas eleições municipais de 2024, Itacaré não conseguiu eleger nenhuma mulher para a Câmara de Vereadores, reacendendo o debate sobre a representatividade feminina na política local. O resultado evidencia o desequilíbrio de gênero nos espaços de poder e levanta questionamentos sobre o impacto das regras eleitorais no acesso das mulheres a cargos eletivos.

Apesar de não terem conquistado cadeiras, algumas candidatas obtiveram resultados expressivos. A Professora Aline, do PSOL, alcançou 513 votos, o que a tornou a mulher mais votada da história do município e a 7ª candidata mais votada no geral, superando seis dos 11 vereadores eleitos. No entanto, mesmo com essa forte votação, ela não conseguiu se eleger devido às regras do sistema proporcional.

Outro nome de destaque foi Déa da Saúde, do PT, que obteve 398 votos, ficando à frente de outros candidatos eleitos, mas também não garantiu uma vaga. A ausência de mulheres na nova legislatura de Itacaré reforça a necessidade de revisar o quociente eleitoral e partidário, além de implementar políticas que promovam maior inclusão e participação feminina no legislativo municipal.

Desafios históricos e o coeficiente eleitoral: entenda por que Professor Aline e Déa da Saúde não foram eleitas

Itacaré enfrenta um desafio histórico em relação à representação feminina. A primeira mulher a ocupar uma vaga na Câmara foi Dona Otília Nogueira, na década de 80. Desde então, apenas Noemia Ferreira Costa da Silva (Dona Noca) e Dona Rosilda conseguiram eleger-se em 2004. Já se passaram mais de 20 anos sem a eleição de outra mulher para o legislativo municipal.

O sistema proporcional, utilizado para eleger vereadores, é uma das razões para que candidatos com menos votos às vezes garantam um assento, enquanto outros com votação expressiva fiquem de fora. Isso ocorre devido a um cálculo complexo de quociente eleitoral e quociente partidário.

Como funciona o sistema proporcional?

Os vereadores são eleitos com base em dois cálculos: o quociente eleitoral e o quociente partidário. Esses índices determinam a quantidade de cadeiras a que cada partido tem direito na Câmara. Para ser eleito, um candidato precisa:

  1. Ter votos equivalentes a pelo menos 10% do quociente eleitoral.
  2. Estar dentro das vagas que seu partido conseguiu no quociente partidário.

O quociente eleitoral é obtido dividindo-se o total de votos válidos pelo número de cadeiras na Câmara. Já o quociente partidário indica quantas cadeiras cada partido terá direito, com base na quantidade de votos válidos que recebeu.

Essas regras, somadas à falta de representatividade histórica, criam um cenário desafiador para mulheres e minorias que tentam entrar no legislativo. Mesmo com os avanços das últimas eleições, incluindo a destinação obrigatória de 30% dos recursos do Fundo Eleitoral e do tempo de propaganda para candidaturas femininas, os obstáculos ainda são grandes.

Para mudar esse quadro, Itacaré precisará investir mais em políticas de inclusão e representatividade, para que futuras gerações de mulheres possam ocupar esses espaços de poder e fazer valer a voz feminina no cenário político local.

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