Narrativa de que a violência cresce em governos do PT ganha força, mas carece de dados concretos

Narrativa de que a violência cresce em governos do PT ganha força, mas carece de dados concretos

A sensação de que a violência aumenta durante governos de esquerda, como o do presidente Lula (PT) no Brasil e do governador Jerônimo Rodrigues (PT) na Bahia, tem ganhado força nas redes sociais e nos discursos da oposição. Embora não haja dados concretos que comprovem essa ligação direta, essa narrativa tem encontrado ressonância em parte da população, especialmente em momentos de crise na segurança pública, como o que a Bahia atravessa atualmente.

O estado, que é governado pelo PT há mais de duas décadas, enfrenta um cenário preocupante de violência. Salvador e outras cidades do interior vêm registrando escaladas de crimes violentos, incluindo homicídios, confrontos entre facções e ataques armados. Recentemente, Jequié viveu um fim de semana marcado por uma série de ataques, o que levou o governo estadual a enviar reforço policial para a região.

Esses episódios intensificam as críticas ao governo Jerônimo Rodrigues, e a narrativa de que o PT seria conivente ou incapaz de conter o avanço da criminalidade ganha força. No entanto, não existem dados que comprovem que a violência seja maior em governos de esquerda. O Brasil enfrenta problemas estruturais relacionados à segurança pública há décadas, independentemente da ideologia política das gestões.

A força da narrativa da direita

O que se percebe é que a direita brasileira tem sido eficiente em emplacar um discurso forte sobre segurança pública, associando governos progressistas a uma postura branda em relação ao crime. Essa narrativa ganhou ainda mais força com o discurso do ex-presidente Jair Bolsonaro, que frequentemente vinculava direitos humanos a um suposto “afrouxamento” das políticas de segurança e defendia medidas mais rígidas e punitivistas.

O problema é que, na prática, governos de direita também enfrentaram graves crises de segurança pública. Durante o governo Bolsonaro, por exemplo, o Brasil registrou o fortalecimento de facções criminosas e milícias, que expandiram seu controle em várias regiões do país.

Mesmo assim, a narrativa de que “a violência é maior com o PT no poder” se consolidou, especialmente na Bahia, que há mais de 20 anos é comandada por gestões petistas. Governadores como Jaques Wagner, Rui Costa e agora Jerônimo Rodrigues enfrentaram e enfrentam pressões constantes para conter os altos índices de violência, o que dá munição à oposição para reforçar a narrativa de que a segurança pública não é prioridade dos governos de esquerda.

A crise de segurança na Bahia

A Bahia vive hoje um momento crítico em termos de segurança pública. Salvador e cidades do interior têm registrado tiroteios, homicídios e disputas territoriais entre facções criminosas. Episódios como o de Jequié acendem o alerta de que o estado precisa reforçar suas políticas de segurança, seja com investimentos em inteligência policial, maior presença do Estado nas áreas vulneráveis ou revisão das políticas sociais que ajudam a combater as causas da violência.

A oposição, naturalmente, aproveita esse cenário para reforçar as críticas à gestão de Jerônimo Rodrigues. Enquanto isso, nas redes sociais, a narrativa de que o PT estaria conivente com a violência ou que a esquerda é permissiva em relação ao crime continua se espalhando.

A falta de dados concretos

O que falta nessa narrativa, no entanto, são dados concretos que comprovem que governos de esquerda sejam mais permissivos ou que a violência seja maior sob suas gestões. O Brasil é um dos países mais violentos do mundo há décadas, e a violência é um problema estrutural e multifatorial, que passa por desigualdade social, precariedade do sistema prisional, avanço das facções criminosas e ausência de políticas públicas eficientes.

O fato é que a segurança pública continuará sendo um dos maiores desafios para o Brasil e para a Bahia, independentemente de quem esteja no poder. Mas a capacidade de emplacar narrativas é parte do jogo político — e, nesse campo, a direita tem se mostrado eficiente ao associar governos de esquerda a um discurso de permissividade em relação ao crime.

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